Episódio de hoje: Biometano
Hoje, o destaque vai para um gás renovável, versátil e essencial para a descarbonização do planeta.
Para nós do setor de biogás, o termo biometano já é parte do vocabulário diário, mas fora desse universo, ainda é uma palavra nova, embora venha ganhando espaço em notícias, reportagens e debates sobre energia limpa.
Por isso, no episódio de hoje da nossa série “Grânulos do Saber”, vamos explicar o que é, de onde vem e por que o biometano está transformando o futuro da energia no Brasil e no mundo.
O que é Biometano?
Você já ouviu falar em biometano? Esse gás está revolucionando o setor de energia e sustentabilidade!
O biometano é um gás renovável obtido a partir do biogás, que, por sua vez, é produzido pela digestão anaeróbia da matéria orgânica, processo natural que ocorre na ausência de oxigênio. As fontes dessa matéria orgânica podem ser resíduos agrícolas, dejetos de animais, esgoto sanitário, restos de alimentos, resíduos sólidos urbanos ou ainda culturas energéticas destinadas à produção de biogás.
Como o biometano tem origem no biogás, é importante compreender a diferença entre os dois.
O biogás é uma mistura de gases formada durante a decomposição da matéria orgânica em ambiente anaeróbio. Essa mistura contém principalmente metano (CH₄) e gás carbônico (CO₂), além de pequenas quantidades de vapor d’água, sulfeto de hidrogênio (H₂S) e outros compostos.
Para se transformar em biometano, o biogás passa por um processo de purificação, conhecido como upgrading.
Nessa etapa, o CO₂ e as impurezas são removidos, elevando a concentração de metano.
O resultado é um gás de alta pureza, composto quase inteiramente por CH₄, com características físico-químicas equivalente às do gás natural, o que permite seu uso nas mesmas aplicações energéticas, como combustível veicular, geração de energia e uso industrial.
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Biometano x Gás Natural: a diferença está na origem
Do ponto de vista químico, o biometano e o gás natural são idênticos.
Ambos são compostos principalmente por metano (CH₄), uma molécula formada por um átomo de carbono e quatro de hidrogênio. Essa semelhança é o que permite que o biometano seja utilizado nas mesmas aplicações que o gás natural: em caldeiras industriais, redes de distribuição, geração elétrica ou como combustível veicular (substituindo o GNV).
A diferença está na origem do carbono:
- Gás Natural: é fóssil, formado há milhões de anos a partir da decomposição de matéria orgânica soterrada. Seu carbono é antigo, armazenado no subsolo por eras geológicas. Ou seja, sua formação tem um longo ciclo de carbono.
- Biometano: é renovável, proveniente de resíduos orgânicos atuais. O carbono presente nele faz parte do ciclo natural do carbono, retornando à atmosfera na forma de CO₂ após o uso, sem aumentar o estoque total de carbono. Sua formação ocorre em um ciclo de carbono muito curto.
Como identificar a diferença de origem?
Embora quimicamente idênticos, é possível distinguir o biometano do gás natural fóssil pela datação de carbono, uma técnica baseada na presença do isótopo radioativo carbono-14 (¹⁴C).
O carbono do gás natural fóssil, por ser muito antigo, já perdeu o ¹⁴C devido ao decaimento radioativo ao longo de milhões de anos.
O biometano, por outro lado, mantém uma fração detectável de ¹⁴C, pois provém de biomassa recente.
Assim, análises isotópicas permitem comprovar a origem biogênica (renovável) do gás, método fundamental para certificação de biocombustíveis e créditos de carbono.
Vantagens e benefícios do Biometano
A substituição do gás natural por biometano traz múltiplos benefícios ambientais, econômicos e estratégicos:
- Renovável e circular: transforma resíduos orgânicos em energia limpa.
- Reduz emissões de GEE: evita o metano direto da decomposição e substitui combustíveis fósseis.
- Fortalece a segurança energética: aproveita fontes locais e descentralizadas.
- Gera renda no campo e na indústria: cria novas cadeias de valor para produtores rurais e cooperativas.
- Substitui o diesel e o GNV fóssil: reduz custos e emissões no transporte pesado.
Um futuro, hoje, impulsionado pelo Biometano
Com novas regulamentações, políticas de incentivo e investimentos crescentes, o Brasil se consolida como um dos grandes players globais na produção de biometano.
Essa expansão impulsiona a descarbonização da matriz energética, estimula a inovação tecnológica e fortalece uma transição energética justa e sustentável.
Dizer que o biometano é a energia do futuro não é exagero, mas afirmar que ele já é uma realidade no presente é ainda mais preciso.
Produzir biometano significa transformar resíduos orgânicos, que antes liberariam gases de efeito estufa na atmosfera, em energia limpa e de alto valor.
É a sustentabilidade em sua forma mais concreta, mostrando que o futuro da energia pode, literalmente, nascer do que antes era desperdiçado.
O que achou dessa pauta?
Fique a vontade, contribua e deixe o seu comentário.
Até breve!
Série de posts “Grânulos do Saber”
O que são grânulos?
Sobre processos anaeróbios, em algumas condições operacionais os micro-organismos anaeróbios formam estruturas de grânulos anaeróbios.
Essas estruturas (aglomerados de diferentes micro-organismos) possibilitam de forma mais eficiente a transferência de nutrientes e favorecem a sobrevivência da comunidade microbiana.
Esses aglomerados de micro-organismos densamente agrupados contribuem para aceleração do processo de digestão anaeróbia, principalmente em lodos de reatores UASB.
Os grânulos anaeróbios são esferas muito pequenas e possuem uma vasta comunidade de seres vivos. Atuam na decomposição da matéria orgânica e possibilitam reciclagem de nutrientes.
Seguindo o conceito sobre “pequenas pérolas com conteúdo adensado” o Portal Energia e Biogás publica uma série de posts “Grânulos do Saber” - pequenos posts para contribuir com disseminação de informações sobre processo de produção de biogás.
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