O tratamento de efluentes é uma área estratégica para a geração de biogás e a preservação ambiental. Nesta seção, você terá acesso a conteúdos exclusivos sobre soluções tecnológicas, regulamentos e metodologias que ajudam a transformar resíduos líquidos em energia limpa. Também destacamos fornecedores, estudos de caso e linhas de financiamento para implementar projetos no setor. Explore como o biogás pode otimizar a gestão de efluentes e contribuir para práticas industriais mais sustentáveis, enquanto descobre exemplos inspiradores de inovação e impacto ambiental positivo.
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Aqui nessa seção vamos abordar as soluções anaeróbias aplicadas em estações de tratamento de efluentes – ETE.
De acordo como Chernicharo (2007), tratamento anaeróbio de águas residuárias é um processo biológico onde atua micro-organismos capazes de degrada os compostos orgânicos sem a presença de oxigênio atmosférico livre.
O processo anaeróbio eficaz para efluentes com alta carga orgânica, como os provenientes da indústria alimentícia, de papel e celulose, e esgoto doméstico e também para efluentes com baixa carga orgânica.
As principais características desse tratamento incluem:
Todos os efluentes que possuem compostos orgânicos dissolvidos podem ser tratados por meio de sistemas anaeróbios. Principalmente quando há nos efluentes uma carga orgânica facilmente biodegradável.
O processo anaeróbio pode ser aplicado ao tratamento de efluentes da indústria agropecuária, indústria de bebidas e alimentos, efluentes de abatedouros e frigoríficos (linha verde e linha vermelha), efluentes de laticínios, efluentes da produção de etanol, amido, vinho, batatas, efluentes do processamento de peixes, esgoto doméstico, entre outros.
Para cada tipo de efluentes, dependendo diretamente dos parâmetros de caracterização de cada efluente, será necessária uma determinada configuração de processo de tratamento das águas residuárias e configuração do sistema anaeróbio mais adequado.
Ao comparar os sistemas aeróbios e anaeróbios em estações de tratamento de efluentes - ETEs, observamos que cada um apresenta condições favoráveis em determinados aspectos, podem ser aplicados isoladamente ou em conjunto para potencializar o tratamento do efluente. Compreender as diferenças entre os sistemas aeróbios e anaeróbios são fundamentais para a tomada de decisão sobre qual sistema de tratamento é ideal para cada tipo de efluente.
Destacamos a seguir as principais diferenças entre os sistemas aeróbios e anaeróbios:
Há diversas modelos e configurações de reatores anaeróbios aplicados ao tratamento de efluentes e recuperação do biogás produzido. Entre as principais tecnologias aplicadas ao tratamento anaeróbio de efluentes podemos citar alguns exemplos como:
Esses são apenas alguns exemplos. Há outros modelos de reatores anaeróbios aplicados ao tratamento de efluentes, em breve apresentaremos aqui.
Também é importante destacar a necessidade de mesclar sistemas anaeróbios e aeróbios como soluções complementares no projeto de estações de tratamento de efluentes (ETE) para águas residuárias específicas. A configuração do processo de cada ETE leva em conta os limites operacionais para determinadas faixas dos parâmetros de caracterização do efluente.
A partir da composição média do efluente será determinada o dimensionamento de cada etapa de processo, desde o projeto e a especificação da etapa de tratamento preliminar, tratamento secundário com lagoas de estabilização, sistemas de lodos ativados, filtros biológicos, tratamento anaeróbio, tratamento do lodo, lagoas de polimento, entre outros.
A implementação dos reatores anaeróbios em ETEs contribui significativamente para a sustentabilidade ambiental. Eles não só tratam efluentes de maneira eficiente, mas também geram biogás, que pode ser utilizado como fonte de energia renovável.
Esse processo de “reaproveitamento” do efluente, ou melhor, de tratamento para redução da carga orgânica (poluição) e conversão em biogás, é uma ação direta de mitigação ambiental, reduzindo ou corrigindo os impactos negativos da atividade humana no meio ambiente.
Ao evitar que esses efluentes com carga orgânica causem impactos significativos ao meio ambiente, com a emissão de gases de efeito estufa, os sistemas anaeróbios promovem a valorização dos resíduos e a mitigação das mudanças climáticas.
Além disso, a redução nos custos de tratamento proporcionadas pelos sistemas anaeróbios pode resultar em benefícios econômicos diretos para empresas e comunidades que adotam essa tecnologia. Entre os diversos benefícios, selecionamos alguns para destacar:
Quando as características do efluente permitem aplicação de sistemas anaeróbios, o conjunto de benefícios citados fazem do tratamento anaeróbio uma solução viável e sustentável para o manejo eficiente de águas residuais em diversas indústrias.
Entre tantas tecnologias desenvolvidas para o tratamento anaeróbio de efluentes, citadas nessa seção, o trabalho de alguns pesquisadores foi essencial para inovação e o desenvolvimento tecnológico.
Citando o exemplo dos reatores UASB, o trabalho de alguns pesquisadores destaca-se:
Além dos pesquisadores citados, há outros pesquisadores com contribuições importantes para a engenharia sanitária. No Brasil, grupos de pesquisadores em diversas universidades têm contribuído para o avanço das tecnologias anaeróbias. São trabalhos desenvolvidos nas universidades como, UFMG, UFSCAR, USP, Unicamp, UFRGS, apenas para citar algumas, mas há fortes núcleos de pesquisadores em diversas universidades.
Sobre o desenvolvimento e a inovação dos reatores UASB é importante destacar os primórdios da pesquisa nos anos 1970, Gatze Lettinga liderou a pesquisa que resultou na criação dos reatores UASB, que utilizam um sistema de fluxo ascendente para tratar efluentes. Essa tecnologia permite que o efluente passe por uma camada de lodo anaeróbio, onde a degradação da matéria orgânica ocorre, resultando na produção de biogás. Essa inovação não apenas aumentou a eficiência do tratamento, mas também reduziu os custos operacionais.
Sobre a eficiência no tratamento de efluentes, os reatores UASB são particularmente eficazes na remoção de matéria orgânica, sendo capazes de lidar com uma ampla variedade de efluentes, desde domésticos até industriais. A tecnologia se destaca por sua simplicidade operacional e robustez, tornando-a acessível para comunidades com diferentes níveis de recursos.
A tecnologia UASB se espalhou rapidamente por países tropicais como Brasil, Colômbia e Índia, onde as condições climáticas favorecem seu funcionamento eficiente. No Brasil a adoção dos reatores UASB foi impulsionada por algumas companhia de saneamento, que reconheceram o seu potencial para transformar o tratamento de esgotos.
Lettinga não apenas deixou um legado técnico significativo, mas também inspirou gerações futuras de engenheiros e pesquisadores a buscar soluções inovadoras para os desafios do saneamento e do tratamento de águas residuais. Seu trabalho continua a impactar positivamente a saúde pública e a qualidade ambiental em diversas regiões do mundo.
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