Biogás e Biometano: Mudando Opiniões
O crescente protagonismo no Brasil.
Por Fábio Soares - Colunista do Portal Energia e Biogás
Nos últimos anos, o biogás e o biometano passaram de soluções subestimadas a protagonistas na transição energética do Brasil. Essa mudança de percepção e valorização de fontes renováveis reflete não apenas a evolução tecnológica, mas também um novo olhar sobre as potencialidades econômicas e ambientais do setor.
Há não muito tempo, o biogás e o biometano eram vistos com certo ceticismo. Questionavam-se sua viabilidade técnica, escalabilidade e custo-benefício, especialmente frente à hegemonia de combustíveis fósseis e ao avanço de outras fontes renováveis, como a energia solar e eólica. Entretanto, um conjunto de fatores contribuiu para que esse cenário mudasse significativamente.
Um dos principais impulsionadores dessa mudança foi a crescente conscientização sobre a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover uma economia de baixo carbono. O biogás, produzido a partir da decomposição de matéria orgânica em aterros sanitários, estações de tratamento de esgoto, resíduos agroindustriais e agropecuária, desponta como uma solução versátil e sustentável. Já o biometano, seu derivado purificado, é uma alternativa renovável ao gás natural, com aplicações que vão desde o abastecimento veicular até o uso industrial.
No contexto brasileiro, o setor agropecuário desempenha um papel estratégico nesse movimento. O país, conhecido por sua expressiva produção de commodities, gera volumes significativos de resíduos orgânicos, como os provenientes da pecuária, indústrias de alimentos e produção de etanol. Esses resíduos, antes vistos como um passivo ambiental, são hoje encarados como uma rica fonte de energia e potencial fonte para recuperação e nutrientes. Projetos de biodigestores têm sido implementados em diferentes regiões, transformando desperdícios em combustíveis e fertilizantes, promovendo a economia circular.
Outro fator decisivo é o avanço das políticas públicas e regulações que favorecem o uso de combustíveis limpos. O programa RenovaBio, por exemplo, criou um mercado de créditos de descarbonização (CBIOs), incentivando a produção de biocombustíveis e valorizando iniciativas que contribuem para a redução das emissões.
Além disso, a alta nos preços dos combustíveis fósseis e a instabilidade nos mercados internacionais reforçaram a urgência de diversificar a matriz energética. O biogás e o biometano emergem como opções competitivas, oferecendo autonomia energética e previsibilidade de custos.
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O impacto positivo desses combustíveis vai além do âmbito ambiental e econômico. Eles também contribuem para a geração de empregos, o fortalecimento das economias locais e a inclusão social. Comunidades rurais e pequenos produtores encontram na produção de biogás uma oportunidade para agregar valor às cadeias produtivas e reduzir a dependência de insumos externos.
Por fim, o futuro do biogás e do biometano no Brasil é promissor. Com investimentos em inovação, ampliação da infraestrutura e conscientização da sociedade sobre seus benefícios, essas fontes de energia renovável estão bem posicionadas para desempenhar um papel central na transição energética do país. O que antes era visto como uma solução marginal, visto com muito ceticismo por diversos atores do meio corporativo, governamental, iniciativa privada, inclusive a própria academia, agora está no centro das discussões sobre sustentabilidade e segurança energética.
Mudanças de opiniões estão ocorrendo a passos largos no sentido de promover iniciativas em todos os setores da sociedade com relação a investimentos no segmento do biogás e derivados, o que certamente será sem volta, pois as vantagens e benefícios de investir no setor, hoje são claros e bem definidos, e sem dúvida contribuem com os esforços de utilização dos biocombustíveis, que tanto contribuem para o desenvolvimento e sustentabilidade.
A coluna Horizontes do Biogás aborda questões importantes relacionadas à gestão de resíduos e análises das emissões de GEE para uma transição energética de baixo carbono.
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Autor: Fábio Soares
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