O purificador mais barato do mundo
Estudo da ADBA revela que capturar CO₂ via biometano custa apenas 16% do valor das tecnologias concorrentes e pode gerar economia bilionária para o setor energético.
O setor de biogás acaba de receber um dos argumentos econômicos mais contundentes da última década. A Associação de Digestão Anaeróbia e Biorrecursos (ADBA) do Reino Unido lançou neste mês o relatório "The World's Cheapest Cleaner" ("O Purificador Mais Barato do Mundo"), e as conclusões são transformadoras para o mercado global.
O estudo, apoiado por modelagem econômica detalhada, defende que o processo de upgrading de biogás para biometano não é apenas uma fonte de energia renovável, mas a forma de engenharia mais barata e imediata disponível hoje para remover CO₂ da atmosfera.
Para os leitores do Portal Energia e Biogás, preparamos uma análise exclusiva dos pontos cruciais deste documento e por que ele deve pautar os próximos investimentos do setor.
1. Biogás vs. Tecnologias "Futuristas": Uma Vitória de Custo
Enquanto o mundo discute tecnologias caras como a Captura Direta de Ar (DACCS) e a Bioenergia com Captura de Carbono (PowerBECCS), o biogás corre por fora com eficiência imbatível.
O relatório apresenta dados agressivos:
- Custo de Captura: A tecnologia de captura e armazenamento de carbono via biogás (chamada de ADECCS) custa entre £54 e £123 por tonelada (aproximadamente R$ 389,68 e R$ 887,60 na cotação de 15/12/2025).
- A Concorrência: Em comparação, a Captura Direta de Ar (DACCS) custa cerca de £739 por tonelada (R$ 5.332,84), ou seja, o biogás faz o mesmo serviço por cerca de 16% do custo.
O relatório conclui que nenhuma outra tecnologia de remoção de gases de efeito estufa é tão barata, pois as outras técnicas precisam processar volumes muito maiores de ar ou emissões para capturar a mesma quantidade de CO₂.
2. A Solução para a Crise Energética da Inteligência Artificial
Um dos insights mais inovadores do relatório é a conexão entre o Biometano e a Inteligência Artificial. Com a explosão de novos Data Centers para IA, a demanda por energia é crítica. No Reino Unido, a fila de espera para conectar um novo Data Center à rede elétrica pode chegar a 15 anos.
A solução proposta pela ADBA? Biometano Off-Grid. O estudo sugere que consórcios de Data Centers financiem a construção de plantas de biometano para geração de eletricidade on-site. Além de garantir energia firme e imediata (contornando os gargalos da rede), o uso de biometano com captura de carbono permitiria que esses centros de dados operassem com emissões negativas, algo fundamental para as metas de sustentabilidade das Big Techs.
3. O Fim do Mito dos Gasodutos Obrigatórios
Para o mercado brasileiro, onde a infraestrutura de dutos é limitada, o relatório traz uma validação importante: o conceito de "Gasoduto Virtual" é economicamente viável.
Muitos críticos apontavam o transporte de CO₂ por caminhão como inviável. A ADBA refuta isso com dados, mostrando que o transporte rodoviário de CO₂ liquefeito custa entre £25 e £30 por tonelada (R$ 180,41 e R$ 216,49), um valor perfeitamente absorvível dado o baixo custo de captura na planta de biogás. Isso abre portas para plantas descentralizadas no interior participarem ativamente do mercado de créditos de carbono.
4. Impacto Econômico Sistêmico
Ao modelar todo o sistema de energia, o relatório aponta que a integração total do biometano com captura de carbono poderia gerar uma economia de £298 bilhões (R$ 2,15045 trilhões) na transição para o Net Zero.
Quando esses benefícios sistêmicos (como a segurança energética nos horários de pico e a captura de carbono) são contabilizados, o custo efetivo do biometano cai drasticamente, podendo chegar a £48 por MWh (R$ 346,38 por MWh), tornando-o extremamente competitivo frente a outras renováveis que exigem baterias caras para backup.
Conclusão: É hora de olhar para o Carbono
A mensagem para o setor é clara: o valor do biogás no futuro próximo não virá apenas da molécula de energia (CH₄), mas cada vez mais da molécula que costumávamos descartar (CO₂). O biogás é a tecnologia "pronta, testada e comprovada" que pode descarbonizar setores difíceis (como aviação e transporte pesado) enquanto gera receita extra para os produtores.
Este relatório posiciona o biogás não como um "combustível de transição", mas como a espinha dorsal da estratégia de remoção de carbono.
Boa Leitura!
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