BNDES financia maior planta de biometano do Brasil
O projeto reforça o papel do gás renovável na transição energética
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento estimado em R$ 450 milhões para a implantação da maior planta de produção de biometano do Brasil, em Paulínia (SP). O projeto será executado pela Biometano Verde Paulínia S.A. (BVP), razão social da Onebio, uma sociedade de propósito específico formada pela Edge, empresa do grupo Cosan, com 51% de participação, e pela Orizon VR, com 49%. Do total aprovado, cerca de 80% dos recursos serão provenientes do Fundo Clima e os 20% restantes da linha Finem, tradicional instrumento de apoio a grandes projetos estruturantes.
A unidade será instalada no Ecoparque Orizon VR e terá como matéria-prima o biogás gerado a partir da decomposição de resíduos sólidos urbanos do aterro sanitário de Paulínia. Com capacidade de produção de até 225 mil metros cúbicos de biometano por dia, a planta posiciona o Brasil em um novo patamar no segmento de gases renováveis, consolidando o biometano como vetor estratégico da transição energética e da agenda de descarbonização.
Durante a fase de construção, estima-se que o empreendimento tenha gerado cerca de 3 mil empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local e regional. Além do impacto econômico, o projeto apresenta ganhos ambientais expressivos: segundo o BNDES, a operação da planta permitirá evitar a emissão de aproximadamente 100,7 mil toneladas de CO₂ equivalente por ano, ao capturar e purificar o biogás que, de outra forma, seria liberado na atmosfera.
Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o financiamento está alinhado à estratégia do governo federal de acelerar investimentos em soluções de baixo carbono.
O financiamento aprovado pelo BNDES está alinhado com a determinação do governo do presidente Lula de investir na transição energética para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Esse projeto vai produzir biometano a partir do biogás gerado pelos resíduos depositados no aterro, evitando a emissão de 100,7 mil toneladas de CO2 equivalentes por ano.
Na avaliação do CEO da Edge, Demetrio Magalhães, o apoio do Fundo Clima e da linha Finem é decisivo para ampliar a competitividade do biometano no Brasil. Segundo ele, o biometano se destaca por ser uma fonte 100% renovável e por impulsionar a economia circular, ao converter resíduos urbanos, industriais e agrícolas em um combustível com as mesmas características do gás natural fóssil.
Trata-se de uma solução madura, que reduz em quase 90% as emissões de CO₂ quando comparada ao diesel e que pode utilizar toda a infraestrutura já existente de transporte e distribuição de gás natural, destacou.
Para o executivo, essa característica torna o biometano especialmente atrativo para a descarbonização de frotas pesadas, como caminhões e ônibus urbanos.
Já o CEO da Orizon VR, Milton Pilão, ressalta o caráter pioneiro da planta de Paulínia na produção de biometano em larga escala a partir de aterros sanitários. Ele lembra que o projeto se apoia na experiência acumulada pela empresa em unidades já em operação, como a planta de Pernambuco, e deve servir de modelo para a expansão futura em outros aterros do grupo.
O financiamento reforça o valor ambiental do projeto, que alia gestão eficiente de resíduos à geração de energia limpa, substituindo combustíveis fósseis e reduzindo emissões de gases de efeito estufa, afirmou.
O Fundo Clima, principal fonte de recursos do projeto, é um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima e está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Seu objetivo é apoiar empreendimentos, aquisição de máquinas e desenvolvimento tecnológico voltados à redução de emissões de gases de efeito estufa e à adaptação às mudanças climáticas, reforçando o papel do Estado como indutor de investimentos sustentáveis.
Do ponto de vista energético, o biometano é obtido pela purificação do biogás, resultante da decomposição de matéria orgânica, como resíduos de aterros sanitários e do agronegócio. Após o tratamento, o combustível atinge alto teor de metano (CH₄) e atende às especificações técnicas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), podendo ser utilizado de forma intercambiável com o gás natural fóssil em aplicações industriais, residenciais e no transporte.
Estudos recentes de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), conduzidos segundo as normas ISO 14040 e 14044, reforçam o potencial do biometano como solução climática. Na comparação com o diesel em veículos pesados, o biometano pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 87%. O mesmo levantamento indica que a adição de apenas 5% de biometano à rede de gás natural já seria suficiente para reduzir em cerca de 28% as emissões totais quando comparado ao uso do diesel.
Com o projeto de Paulínia, o biometano deixa de ser apenas uma alternativa promissora e passa a ocupar um espaço central na estratégia brasileira de transição energética, combinando inovação tecnológica, ganhos ambientais, desenvolvimento regional e atração de investimentos para uma economia de baixo carbono.
-Agência BNDES de Notícias
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